sábado, 1 de maio de 2010

José Lucas

Começo da noite de terça feira (06) deixo a sauna da Sociedade Internacional da Água Verde e vou ao bar da bocha onde encontro o professor Odivonsir Frega e ele me informa em torno do falecimento do Lucas, ex jogador do Coritiba Foot-Ball Clube, relatando ter sido vitima de atropelamento por um ônibus Expresso. Concluiu a informação dizendo que o corpo havia sido cremado à tarde no Vaticano.
Lembro que em 64 quando era narrador esportivo em determinado domingo fui a Paranaguá, transmitir Rio Branco x Água Verde e no time de Paranaguá, observei um meia habilidoso, baixinho, magrinho, de nome Lucas, formando dupla com outro excelente jogador de nome Darci. Curioso perguntei a procedência do jogador e a indicação ter vindo de Santos. Aliás o Rio Branco, trazia muitos jogadores de Santos, entre eles Baltazar, zagueiro, Darci, Braguinha, (meias), Cláudio, (atacante, ponta direita ou esquerda) Fábio, (centro avante), Mandrake (meia esquerda), Baiano (goleiro) e outros. Os citados, contemporâneos de Lucas, no time da Estradinha, Estádio Nelson Medrado Dias. O jogo foi emocionante, altamente disputado, debaixo de muito calor e terminou com a vitória do Rio Branco, por quatro a três. Lucas, foi um dos destaques do jogo.
Ao lado de Lucas, Baiano, Calé, Baltazar, Pereira, Agnaldo, Davino, Oromar, Fábio, Moacir, Mandrake, Cláudio, Paulinho, Paulo, Nilton, Odair, Santarém, Braguinha, Walter (ponteiro esquerdo com passagens por Guairá, futebol suburbano e Bloco Morgenau), Dicésar e Dimas. Este o plantel do Rio Branco, naquele ano. Depois deste jogo tive oportunidade em acompanhar outras partidas do Rio Branco e Lucas, se firmava como um dos craques da equipe.
No ano seguinte, Lucas, permaneceu no Rio Branco e novamente fez bom campeonato passando a chamar atenção dos times da capital e no final da temporada o Coritiba, o adquiriu junto ao Rio Branco e em 66 chegava ao clube do Alto da Glória, para jogar ao lado de Barbosa, Erol, Joel (goleiros), Reis, Béquinha, Nico, Antero, Pepe, Tião, Ademar, Kruger, Gasparim, Moreira, Vivi, Roberto, David, Edson, Vanderlei, Orlando, Aleixo e Oromar, (ponteiro direito também contratado junto ao Rio Branco). Lucas, fez um bom campeonato e o terminou como terceiro colocado.
O campeão foi o Água Verde, que decidiu o titulo com o Grêmio Maringá, com empate sem abertura de contagem no primeiro jogo em Maringá. No segundo novo empate por dois a dois, em Curitiba e assim houve a necessidade do terceiro e neste disputado na noite de 19 de dezembro, no Estádio Durival Brito e Silva, o Água Verde, ganhou por um a zero, gol de Russinho, ponteiro esquerdo, que depois foi para o São Paulo e também jogou no União Bandeirante.
No Água Verde, foram campeões os goleiros Heitor (procedente do Corinthians Paulo, após ter iniciado carreira no São Cristovão do Rio de Janeiro, uma das estrelas da equipe), Pedro Bueno (Pedrinho) (ex Real, do futebol amador) Heitor e Pedro Bueno (goleiros), Zé Carlos, Titure, Silvio, Zeola, Fonti, Pedrinho, Tetéu, Natal, Jairton, Silvano, Padréco, Juquinha, Carlinhos, Russinho, Zezinho, Amilcar, Japonês e Nilson Peres.
Depois desta passagem pelo Água Verde, campeão, retorno ao Lucas, para informar que em 68, o Coritiba, fez ótima campanha e com isto chegou ao titulo paranaense numa decisão memorável com o Atlético Paranaense, já que os tradicionais rivais terminaram o campeonato empatados e conforme o regulamento foram programados jogos extras. No primeiro o Coritiba ganhou por dois a um e no segundo na noite de 28 de agosto, no Estádio Durival Brito e Silva, o Atlético, vencia por um a zero e fazia festa quando “no apagar da luzes do espetáculo” como diziam os locutores da época, uma bola foi jogada alta para a área do rubro negro por Nilo, que cobrou uma falta e Paulo Vechio, que havia entrado minutos antes meio desajeitado, parecendo sem querer tocou ou a bola tocou em sua cabeça e foi para dentro da rede estabelecendo o empate, que em seguida deu o titulo ao Coritiba. O gol de Vecchio, aconteceu aos 45 minutos do segundo tempo para desespero dos atleticanos e até hoje comenta-se que Paulo Vecchio, foi para o vestiário sem saber que tinha marcado o gol e nem o que tinha acontecido na partida. É uma das muitas “estórias” que se conta do futebol paranaense.
Em 67 o Atlético Paranaense, fez péssima campanha e como foi o ultimo colocado foi rebaixado. Houve uma mobilização geral para o Atlético, não cair dada a sua importância dentro do futebol estadual. Coritiba e Ferroviário, se mostraram solidários, bem como outros clubes e o rubro negro da Baixada, foi mantido na 1ª Divisão. Jofre Cabral Silva, que havia sido presidente do clube e também se destacou como presidente do Clube Curitibano e fundara o Santa Monica Clube de Campo, resolveu voltar a presidência do Atlético e dar ao clube uma posição de destaque. Assim contratou vários jogadores alguns a nível de Seleção Brasileira, como os campeões mundiais Belini e Djalma Santos. Enfim fez uma verdadeira seleção com Muca (goleiro vindo do interior de São Paulo), Gil, (goleiro), Adilson (lateral direito), Charrão (zagueiro), Jair Henrique, (meia), Amauri (lateral esquerdo), Alfredo (meia e zagueiro), estes da casa e mais Belini (zagueiro do Vasco da Gama, São Paulo e Seleção Brasileira, campeão mundial de 58, no primeiro titulo brasileiro, como capitão e de 62, na reserva de Mauro, que tinha sido seu reserva em 58), Djalma Santos (Portuguesa de Desportos, Palmeiras e Seleção Brasileira, bi campeão mundial 58 e 62), Gilberto (lateral esquerdo), Paulista (meia esquerda), Dorval (ponteiro direito do famoso ataque do Santos, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe - certamente o mais conhecido dos ataques santistas e do futebol brasileiro de todos os tempos), Milton Dias (centro avante vindo de São Paulo), Zé Roberto (procedente de São Paulo, que depois jogou no Coritiba, tornando-se um dos mais comentados jogadores de todos os tempos em nosso Estado), Nilson Borges (excelente ponteiro esquerdo procedente de Portuguesa de Desportos e Corinthians Paulista e que até hoje é funcionário do Atlético Paranaense), (Zezinho, com passagens por várias clubes e que havia atuado na Argentina), Pardal (lateral direito, procedente das equipes de base do Santos, irmão de Cláudio Marques, que jogou no Atlético, Coritiba e Corinthians), Del Vecchio (centro avante que atuou por Santos e São Paulo), Sidnei (meia, vindo do Corinthians), Fábio e Luiz Carlos. Não me lembro bem destes dois últimos, Luiz Carlos, era um grandão, zagueiro, vindo do Rio de Janeiro. Todos davam o Atlético, como campeão, mas quem fez a festa foi o Coritiba, de Lucas.
Inclusive neste ano Jofre Cabral e Silva, que fizera a revolução no Atlético Paranaense, quando acompanhava um jogo frente ao Paraná Esporte Clube, ex São Paulo, de Londrina, no Estádio Vitorino Gonçalves Dias, em 02 de junho, faleceu vitimado por um ataque cardíaco fulminante. O infausto acontecimento enlutou o futebol paranaense.
No ano seguinte 69, o Coritiba, chegava ao bi campeonato e Lucas, outra vez se destacava na equipe que contava com Joel, Célio, (goleiros) Modesto, (zagueiro vindo do Santos), Nico (zagueiro,Trieste, Água Verde e Coritiba), Roderley,(centro médio procedente do Grêmio Esportivo Maringá), Nilo (lateral esquerdo procedente do Rio Grande do Sul), Berto (zagueiro do Londrina), Paulo Vechio (ex Internacional de Porto Alegre, São Paulo, Londrina, Ferroviário e Metropol de Criciúma), Lucas (ex Rio Branco, de Paranaguá), Passarinho (ponteiro direito vindo do Apucarana), Oldack (de Minas Gerais), Krueger (Britania e Coritiba, um dos mais destacados jogadores da história do Coritiba, o Flexa Loira, atacante e que até hoje trabalha no clube), Kosilek (vindo do Jandaia), Rinaldo (futebol de Pernambuco, Palmeiras, Seleção Brasileira - ponteiro esquerdo e que no Coritiba, tornou-se meia esquerda), Edson (ponteiro esquerdo), Servilio (centro avante vindo do Jandaia junto com Kosilek e Antoninho Português (zagueiro), Oromar (vindo com Lucas do Rio Branco), Hugo (meia procedente do Londrina), Rossi (ex Atlético Mineiro e Santos), Ademar Pantera (ex Palmeiras e Flamengo), Carlos Alberto, Reis (lateral ex Paranavaí) e Marinho Bochinek (lateral direito, do futebol amador de Curitiba). Neste ano o Ferroviário, foi vice campeão.
Em 1.970, Lucas, atuou novamente pelo Coritiba e ficou como vice campeão ao lado de Célio (goleiro ex Britania), Hermes (vindo do Santos), Nico, Oberdan (procedente do time juvenil e que depois atuou no Santos), Nilo, Hidalgo (nascido no Juventus, com passagem pelo XV de Piracicaba), Bidon (meia vindo do Guarani de Campos e que depois foi para o México), Passarinho, Leocádio Cônsul (ex Operário de Ponta Grossa, Botafogo de Ribeirão Preto, Corinthians Paulista, Apucarana e outras equipes, um verdadeiro craque), Kruger, Reinaldinho(do Fluminense do Rio de Janeiro, e que aqui se radicou tornando-se funcionário do Bamerindus, onde jogou no time do banco comandado pelo ex deputado federal Basílio Vilani, inclusive o Reinadinho, é funcionário do HSBC, até hoje), Rinaldo, Piloto (zagueiro vindo de Criciúma, Santa Catarina), Paulo Vechio, Silvio (centro avante da Portuguesa de Desportos), Cláudio Marques, Dirceu Werneck, Marcos (ponteiro direito, procedente do Rio de Janeiro), Lucas e Joaquinzinho (meia do Juventus e do XV de Piracicaba).
O Atlético Paranaense, chegou ao titulo de forma surpreendente, já que seu time apresentava limitações. A grande estrela era Barcimio Sicupira. Foram campeões pelo Atlético Paranaense, Wanderley (goleiro), Djalma Santos, Zico (zagueiro vindo de São Paulo), Alfredo Gotardi, Julio (lateral esquerdo de São Paulo), Miltinho (de Florianópolis, Santa Catarina), Ferrrinho, Toninho, Reinaldo, Dorval, Sicupira, Zezé, Nelsinho (São Paulo), Nilson Borges, Valdomiro, Benicio, Zé Augusto (goleiros), Amauri, Zé Leite, Liminha, Cláudio, Nair, Naio, Darci, Moreira, Serginho, Juarez, Nilo, Gildo, Lourival (meia vindo do São Paulo) e Charrão.
Em 71 quando surgiu o Colorado, diante a fusão Ferroviário, Palestra Itália e Britania, o homenageado de hoje José Lucas da Silva, o Lucas, permanecia no Coritiba. O “Coxa” voltou a ganhar o titulo com Célio, Hermes, Pescuma (zagueiro vindo do União Bandeirante), Piloto, Nilo, Renatinho (ex Atlético e Ferroviário - meia), Hidalgo,(Capitão Hidalgo, hoje comentarista esportivo), Passarinho, Leocádio, Sérgio Roberto (ponta direita do Rio de Janeiro), Zé Roberto (O Gazela ex São Paulo e Atlético Paranaense, uma das estrelas da equipe), Rinaldo, Carvalho (goleiro vindo do Jandaia, que radicou em Curitiba e se aposentou com bancário), Marinho, Cláudio Marques (ex Atlético), Levir Culpi (atuou no México, no Colorado, no Rio Grande do Sul, em Caxias do Sul, hoje técnico de futebol, trabalhando atualmente no Japão), Paulo Vecchio, Hélio Pires, Kruger, Nico, Lucas, Bidon, Werneck, (meia vindo do Santos), Marcos, Rogério (goleiro), Berto, Iran, Pardal (ex Atlético), Eloir (que depois jogou no México) e Dirceu Guimarães, que jogou em equipes do Rio de Janeiro e fora do Brasil e destaque na Seleção Brasileira.
Lucas, em 72, estimulado pelo Luiz Antoniassi, o Luizinho, foi jogar no Pinheiros, ao lado de Amauri (goleiro), Tadeu (lateral direito que havia atuado no Ferroviário), Moacir, Nininho, Jairo, Edu, Orlando, (ex Coritiba), Madureira (ex Ferroviário), Nei (ex Ferroviário), Taco, Odair, Xisté, Wiliam, Deda, Zé Roberto, Oliveira, Kosilek, Iran, Zezinho, o craque Alex e Russinho, que retorna às origens. Depois disto Lucas, passou a jogar em equipes amadoras e a cuidar de suas atividades como funcionário público do Estado.
O relato em torno do José Lucas da Silva, o Luquinhas, grande craque de nosso futebol durante anos é porque faleceu nesta terça feira (06) aos 68 anos, vitima de atropelamento por um ônibus Expresso. Recebi a noticia no começo da noite por parte do professor Odivonsir Frega, que encontrei na Sociedade Internacional Água Verde. O corpo havia sido cremado à tarde.
O futebol do Paraná, está de luto com o falecimento de um dos destacados craques do passado.
José Domingos Borges Teixeira

Nenhum comentário:

Postar um comentário